Com 10% de crescimento, Portugal ocupa o quarto lugar no ranking que dos países com maiores aumentos nos preços das casas na União Europeia. Os dados que fazem referência ao 2º trimestre de 2019, foram divulgados recentemente pelo Eurostat (Instituto Oficial de Estatísticas da União Europeia/UE). À sua frente, o país tem apenas Hungria, o Luxemburgo e a Croácia.
Desde meados de 2010 que já é possível observar a crescente evolução dos preços da habitação em Portugal. É importante considerar que os avanços são posteriores após os anos da grande recessão que assolou os portugueses entre os anos de 2007 a 2009.
Nos últimos nove anos, os preços das casas em terras lusas aumentaram 16,6%. Já a média do grupo dos países da União Europeia foi de 3,3%, segundo dados do Banco Internacional de Pagamentos (BIP).
Massimo Forte, que é um dos maiores especialistas do mercado imobiliário no país, numa entrevista concedida à Revista Visão, endossa os dados apresentados pelo BIP, ao falar sobre a evolução dos preços dos bens imobiliários em Portugal, e se estes são considerados caros ou baratos.
“É importante relembrar que os preços subiram muito nos últimos anos porque o país vinha de um período de crise económica, financeira e imobiliária muito forte, onde os bens atingiram mínimos de valores históricos. Nesta fase, Portugal era considerado um país barato para investir, tendo em conta a comparação com outros países europeus e considerando que havia ótimas infraestruturas já na altura e no futuro previam-se outras tantas, facto que atraiu muitos investidores de fora.”
Mesmo com as frequentes subidas dos preços, já é possível observar os primeiros indícios de não apenas abrandamento, mas de descida dos valores se comparados com os resultados do ano anterior. O que tem sido visto com bons olhos pelo mercado, por se tratar de um maior equilíbrio e amadurecimento do setor, embora muito motivado pela falta de produto.
Se analisarmos a evolução do preço dos imóveis, é preciso ter em conta a capacidade de aquisição dos potenciais compradores, portugueses e estrangeiros, ou ainda, a sua capacidade de endividamento, sendo que nesta conta não se verificam grandes alterações relacionadas ao salário mínimo nestes últimos anos, o que prejudica a capacidade dos portugueses.
Enquanto isto, apenas no ano de 2018, o valor médio dos prédios vendidos a não residentes girou entre os 171 mil euros, valor 58% maior do que a média das transações globais, contribuindo para a pressão sobre os preços do imobiliário.
Estamos perante um período cíclico, na qual a subida dos preços das casas tende a gerar maior interesse aos investidores, levando à promoção deste setor, onde a tendência é que comece a surgir com mais intensidade novos produtos, contribuindo para o alívio nos preços.
O mercado imobiliário nacional continua a viver os melhores anos da última década, pois mesmo com o contínuo aumento dos preços dos imóveis, o setor segue alimentado pelo investimento nacional, mas sobretudo estrangeiro, uma vez que os imóveis em Portugal ainda possuem os preços mais baixos da Europa, estando muito longe dos valores praticados em cidades como, por exemplo, Londres e Paris.
Para além disto, a grande busca de imóveis em Portugal pelos investidores estrangeiros acontece graças aos incentivos fiscais e ao programa de visto gold, que funciona como autorização de residência, destinada a cidadãos de países de fora do território da União Europeia, ou do espaço Schengen, que tenham objetivos para fins de investimento, criação de emprego e/ou aquisição de imóveis com valor de 500,000€ (quinhentos mil euros) ou superior.
Portugal ainda se destaca no setor imobiliário pelas oportunidades de desenvolvimento através do seu potencial turístico. Sabemos que o fluxo de turistas, que não para de crescer, acaba por influenciar diretamente o interesse dos compradores em imóveis para investimento em alojamento local, tratando-se de produtos singulares, com boas vistas, luz natural e boa localização, sendo este último um factor determinante.
Com o setor em alta, as empresas de Mediação Imobiliária são peças determinantes, pois trabalham incansavelmente em busca dos melhores negócios, incentivando proprietários a vender seus imóveis, negociando com investidores, estudando o mercado, os preços e os factores que influenciam significativamente nos negócios e transações.
Os profissionais desta área devem atentar-se também às mudanças nos hábitos de consumo, uma vez que o crescimento do comércio online prospera cada vez mais. O papel do Consultor Imobiliário vai muito além da venda de um imóvel, pois trata-se de um profissional multifacetado que deve estar sempre preparado para as diferentes mudanças de um mercado que está diariamente em transformação.
Assim, percebemos que independente das análises referentes ao significativo aumento dos preços dos imóveis, das bolhas imobiliárias e dos demais processos que muitas vezes acabam por diminuir às expectativas referentes ao mercado imobiliário, notamos que os profissionais deste sector devem sempre se reinventar, adaptando-se ao mercado e transformando as possíveis ameaças em oportunidades estratégicas para os seus negócios.